top of page

Sobre o acabamento

  • Foto do escritor: Nave Mãe Elétrica
    Nave Mãe Elétrica
  • 22 de ago. de 2016
  • 2 min de leitura

Ao passo em que sempre se ouve dizer a respeito de timbres específicos providos por cada tipo de madeira, como os clássicos e discrepantes mogno, rico em graves e meio tons, e o freixo, de timbre cristalino e agudos brilhantes, há aqueles que alegam que um instrumento depende pratica e unicamente de sua captação, e que a madeira por ser um material não magnético é incapaz de influenciar na captação do som. Entretanto não apenas a captação do instrumento, como todas as peças estão presas ao corpo, este feito de madeira. Desta forma, não somente as cordas, mas tudo reverbera de acordo com o grão, veio e qualidades da madeira que compõe corpo e braço.

Muitos músicos alegam não sentir mudança alguma de timbre entre diferentes tipos de madeira, mas é necessário considerar um fator crucial ao se buscar timbragens características: o acabamento.

Ao longo dos anos a manufatura de instrumentos musicais se tornou praticamente um hobby ante a produção industrial e o advento do torno CNC. Ao serem produzidos em ampla escala, as fábricas de instrumentos necessitam manter um rigoroso padrão em sua produção.

Para uniformizar as peças de madeira industrialmente, o primeiro passo é uma espessa camada de reina, que esconde vãos, nós, veios e defeitos, chegando até mesmo a imitar os veios de outras madeiras. A densa camada plástica de resina é coberta por tinta, geralmente esmalte sintético ou variações de acabamento automobilístico, finalizado por uma densa camada de verniz brilhante.

Do ponto de vista da produção industrial só se tem a ganhar. O acabamento consiste em tantas camadas que a peça em seu interior se encontra em uma cápsula do tempo e mesmo que o instrumento caia ou colida - chegando até mesmo a lascar ou quebrar – o estrago é muitas vezes imperceptível. Ainda que a tinta seja removida, geralmente o que aparenta ser a madeira mesmo que se tente remover a tinta, muitas vezes o que aparenta ser a madeira não é.

Longa durabilidade e padrão de qualidade, o que se tem então a perder com o acabamento sintético? A maior perda é a qualidade sonora da madeira. São tantas camadas de material sintético que a peça se encontra incapaz de transpirar, envelhecer e principalmente, vibrar como se deve, transmitir o som.

Não é de se espantar ser praticamente indistinguível timbres provenientes de diferentes arvores ao se considerar o tipo de acabamento, principalmente para os instrumentos acústicos, mas não menos importante aos elétricos.

Antes das inúmeras soluções para a vida pós-petróleo, já se fabricavam instrumentos a um mais que considerável período de tempo, mas como eram finalizadas as peças antes da invasão dos polímeros?

Os tipos de acabamento mais tradicionais que se pode ter notícia é a laca, uma resina natural a base de celulose; a cera, tanto de abelhas, como de árvores como a carnaúba; processos que envolvem fogo como a ebanização e técnicas japonesas milenares.

Buscamos tratar o madeiramento de nossos instrumentos de forma natural, priorizando as propriedades e qualidades sonoras da matéria que os compõe.



O vídeo abaixo apresenta 9 corpos de guitarras sem acabamento e com as mesmas configurações de braço, cordas, ferragens e captadores. É notável o brilho e sustento do amieiro (alder) ou a profundidade e calor do mogno:



Comments


arquivos recentes

ficheiro

  • Instagram Social Icon
  • Facebook Social Icon

Contate-nos

2016 - nave mãe -  instrumentos elétricos

bottom of page